sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Executivo esconde ao FMI dados sobre pagamentos em petróleo à China, diz economista Alves da Rocha

  


O economista Manuel Alves da Rocha disse hoje que o Governo esconde informação ao Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a percentagem da exportação de petróleo que está reservada ao pagamento dos empréstimos da China.

LUSA
NOVO JORNAL

"Há quem diga que 50% da produção de petróleo está reservada para a China, mas não sabemos. Quando perguntei ao Ricardo Velloso (chefe das últimas missões do FMI ao país) o que se passa com os empréstimos da China, ele respondeu 'nós não sabemos porque o Governo não nos dá informação'", disse o economista angolano, durante uma apresentação sobre a economia angolana, que decorre hoje em Lisboa.
Relatando parte das reuniões anuais que o FMI faz em Luanda ao abrigo do Artigo IV das regras de funcionamento do FMI, que analisam a economia dos seus membros, Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso contou que "quando vão nessas missões, a primeira semana em Luanda serve para tentar sensibilizar as autoridades para as informações de que necessitam".
Alves da Rocha disse que Ricardo Velloso, na reunião que manteve no CEIC, exemplificou com a Nigéria, país onde "o site fornece a informação necessária, e por isso as missões são muito mais rápidas", segundo o relato feito pelo líder de missão do FMI em Angola.
A China é o maior cliente de Angola no que diz respeito à exportação de petróleo, e os contratos estipulam que o pagamento pelos empréstimos é feito não em dinheiro, mas sim em petróleo, mas não há informação disponível sobre a percentagem ou o valor absoluto que fica especificado nos contratos.
"O FMI não sabe, e nós muito menos", concluiu Alves da Rocha, especificando que "o ponto é que quando se diz que Angola recebe 100 dólares do petróleo, não sabemos quanto desse valor vai para a China e quanto entra realmente nos cofres do Estado".
A China consolidou-se como um dos principais investidores do mercado angolano depois do fim da guerra civil no país, em 2002, impondo-se a investidores tradicionais como Portugal, o Brasil, a França e os Estados Unidos.
O valor dos empréstimos e das linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004 ascendem a 15 mil milhões de dólares, tal como revelou o Governo angolano em Novembro, no fórum de investimento Angola - China, que juntou 450 empresários chineses em Luanda.
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